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Nesta semana em que celebramos o Dia do Professor, Morretes ganhou um novo espaço dedicado à educação, cultura e memória: a Biblioteca Pública José Gonsalves de Moraes. A cerimônia de reinauguração aconteceu no dia 14 de outubro e marcou também a abertura das festividades pelos 292 anos do município, que serão comemorados no próximo dia 31.
Fechada há vários anos, a biblioteca foi totalmente revitalizada pela Prefeitura de Morretes, por meio da Secretaria Municipal de Cultura e Turismo. O espaço passou por melhorias estruturais, modernização do mobiliário, organização do acervo e adequações para garantir mais acessibilidade. Agora, a cidade conta com uma biblioteca acolhedora, moderna e viva, pronta para receber leitores, estudantes e fazedores de cultura.
Um espaço que carrega o nome e a história de um morretense ilustre
A biblioteca homenageia José Gonsalves de Moraes, nascido em Morretes em 1849. Poeta e professor, destacou-se desde jovem pela paixão pelas letras. Aos 18 anos, publicou seu primeiro livro, Sempre Vivas, e lecionou português, francês e latim em Curitiba, onde também fundou um internato.
De volta à sua cidade natal, dedicou-se à vida pública, atuando como tabelião, presidente da Câmara Municipal e secretário. Tradutor de grandes nomes como Gauthier, Horácio e Virgílio, manteve sempre o bom humor e o amor pela cultura. Mesmo após perder a visão, continuou compondo sonetos, ditando suas obras ao filho.
José Gonsalves de Moraes faleceu em 1909, deixando um legado de coragem, cultura e dedicação à sua terra. É patrono da Cadeira nº 19 da Academia Paranaense de Letras, e agora seu nome volta a brilhar em Morretes, inspirando novas gerações a descobrirem o prazer da leitura e da criação.
Durante a inauguração, estiveram presentes familiares do homenageado, o bisneto Alaor Moraes e a tataraneta Patrícia Moraes, que celebraram com emoção o resgate da memória da família.
“Não queríamos que a memória dele se apagasse, porque ele é uma figura importante para a história de Morretes”, destacou o prefeito Junior Brindarolli.
Trabalho coletivo e valorização da cultura local
A reabertura só foi possível graças ao esforço conjunto da Secretaria de Cultura e Turismo, de voluntários e de parceiros estratégicos. O Tribunal Regional do Trabalho (TRT) doou parte do mobiliário, e artistas locais colaboraram com serviços e materiais.
Por meio da Lei de Fomento Cultural Paulo Gustavo Estadual, os artistas Paulo Alma e Emer Ramos, junto com seus alunos, transformaram as paredes da biblioteca em murais coloridos que retratam o trem, a onça, os rios, a natureza e o modo de vida caiçara, símbolos marcantes de Morretes.
O espaço também ganhou um novo ambiente: o Lab Cultura, criado para reuniões, oficinas e encontros de artistas e fazedores de cultura, tornando a biblioteca um ponto especial de encontro para a comunidade.
Reconhecimento a quem ajudou a reconstruir este sonho
Uma placa de agradecimento foi instalada no local para homenagear duas figuras fundamentais para a reabertura: o museólogo Felipe Nicolau e o historiador Éric Joubert Hunzicker.
Felipe Nicolau, poeta, escritor e pintor, atuou voluntariamente na estruturação e organização da biblioteca. Autor de obras como Você! Seus olhos, seu sorriso e Risos e lágrimas, e criador do personagem Tomito, Felipe é reconhecido por sua contribuição à cultura local.
Recebeu, em 2007, a Comenda José Francisco da Rocha Pombo da Câmara Municipal de Morretes, como reconhecimento por sua dedicação à história e à arte da cidade.
“Felipe ofertou presença, arte, cuidado e amor pelos livros, deixando como herança gestos concretos que inspiram e transformam”, destaca a homenagem na placa instalada na biblioteca.
Já o historiador Éric Joubert Hunzicker teve seu acervo reconhecido e preservado por meio de uma parceria entre o Museu dos Campos Gerais (MCG), vinculado à Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), e a Prefeitura de Morretes.
Nascido na década de 1940, Éric se mudou ainda criança para Morretes, onde passou a reunir jornais, revistas, livros e documentos históricos que hoje são digitalizados e disponibilizados ao público pelo projeto Memórias Digitais do MCG, permitindo que todos conheçam mais sobre a rica história do município.
Um acervo que cresce e inspira
A biblioteca recebeu também novos livros doados pela Editora Brazilzão, que retratam a história, geografia e cultura do litoral paranaense. A ação foi coordenada pelo professor Marcel Luciano Klozovski, professor e coordenador do Curso de Logística do ISULPAR - Instituto Superior do Litoral do Paraná, de Paranaguá.
Além disso, o museólogo Felipe Nicolau e o bibliotecário Mauro Cândido dos Santos, da Universidade Estadual do Paraná (Unespar), contribuíram tecnicamente para a catalogação e o cadastramento digital do acervo, utilizando o Sistema Pergamum. Esse sistema vai facilitar o empréstimo e a consulta de livros de forma moderna e organizada.
Durante a cerimônia, o prefeito Junior Brindarolli agradeceu a todos os envolvidos na revitalização e destacou o empenho da Secretaria Municipal de Cultura e Turismo. “A reinauguração da biblioteca marca o início das comemorações dos 292 anos de Morretes e representa o nosso compromisso com a educação, a cultura e a preservação da nossa história. Obrigado a todos os envolvidos nessa grande conquista para a nossa querida Morretes”, afirmou o prefeito.
Em homenagem ao mês do Professor, o prefeito também prestou uma homenagem especial à professora Laurice de Bona, presente no evento e com 89 anos de idade, reconhecendo sua trajetória e dedicação à educação morretense.
Serviço
Biblioteca Pública José Gonçalves de Moraes
Local: Dentro do Prédio da Prefeitura de Morretes
Horário de funcionamento: de segunda a sexta-feira, das 8h às 12h e das 13h às 17h.
Neste primeiro momento, não serão recebidas doações de livros, pois a equipe técnica está realizando o cadastramento digital do acervo.
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